Carlos Drummond de Andrade já dizia que "a dor é inevitável, o sofrimento é opcional". Eu realmente tentei encaixar isso na minha vida, mas pra mim foi mais ou menos como se a dor fosse inevitável, assim como o sofrimento. Na primeira vez que experimentei o sofrimento de um amor despedaçado eu senti o que eu pensei ser a maior dor do mundo. Todo mundo me dizia que com o tempo, tudo se resolveria da melhor maneira e que o tempo, sendo a borracha da vida, apagaria qualquer borrão. Eis que o tempo passou (mas eu afirmo que eu quase morri esperando o tal do tempo passar) e a dor foi embora junto. Quando me dei conta, o tempo já havia curado a dor que eu pensei ser a maior do mundo.
Acontece que depois aconteceu tudo de novo, com a pessoa que eu pensava ser a melhor do mundo. E acontece que eu passei pelo pós-amor tudo de novo. O pós-amor é mesmo como um pós-operatório. Alguns sintomas são comuns: a dor, a inquietação, a vontade de chorar e, algumas vezes, até o arrependimento. Algumas situações vem acompanhadas do desespero, da solidão, da depressão e da angústia.
E dessa vez eu achei que fosse mesmo a maior dor do mundo: meu coração havia se esfacelado pela segunda vez. Até tentei comparar com a minha primeira maior dor do mundo, mas naquele momento era incomparável. Nada me fazia crer que o tempo passaria e tudo acabaria. Nada!
Depois aconteceu tudo de novo: o tempo passou e a dor foi embora, sem eu nem notar. Acho impressionante isso. Você julga amar tanto aquela pessoa que quando acaba, pensa mesmo que o seu mundo também acaba. Sofre inesgotavelmente, chora, grita, esperneia, emagrece horrores, se martiriza em pensamentos e, depois de um tempo nem percebe que o sentimento se reduziu a 10% do desespero inicial. Aquela pessoa que você achava que nunca mais conseguiria viver sem, passa a ser coadjuvante na sua vida e você passa a nem lembrar dela. Isso é o pós do pós-amor.
Há quem diga que se morre por isso. Outros, que chega a ser tão comum a ponto de existir gente capaz de querer sempre um pós-amor após o outro.
Eu já passei por isso, e passou.
"Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado"
- Cazuza -