segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Ela não conhecia



Luciana não conhecia o amor. Nunca havia se apaixonado.
Gabriel foi sempre um sofredor, tudo culpa do bendito amor.
Um dia, sentado num bar, Luciana chegou ao seu lado.
Conversaram fiado. Gabriel estava desolado. Seu casamento havia acabado.
Beberam, se apresentaram, conversaram e se conheceram.


Depois da noite, o dia raiou. Luciana acordou. Na mesma hora, foi embora. 
Gabriel se assustou. E, como esperado, por ela se apaixonou.


A história continuou...


Gabriel outra vez se casou. Luciana se apaixonou.
Ela, um dia, curou a sua dor. Em troca, ele mostrou a ela o amor.


"Às vezes o que a gente procura não é o que a gente procura, e sim o que a gente encontra" 
- Chico Buarque -

domingo, 23 de janeiro de 2011

Poema em movimento



Antônio se apaixonou. Letícia também. Um pelo outro. Ainda bem.
Ele vivia por ela. Ela vivia feliz. Viviam a vida por um triz.
Viveram uma linda ''estória'' de amor. Puro fervor.
Com um pouco de rancor, Antônio quis conversar. Letícia, responsável, teve que recusar. Foi trabalhar.
Ao retornar, encontrou a casa quase vazia, uma melancolia.
Antônio nada dizia. Saiu pela vida vazia. E deixou pingando a pia.
Letícia chorou. Antônio nunca retornou. A vida, sozinhos, cada um trilhou.
Um sempre o outro amou. Assim continuou. Mas ninguém nunca contou.

E então, numa conversa entre amigos, Antônio perguntou:
- E você, já encontrou o seu poema?
- Como assim, que poema?
- Poema cara, como aquele que um dia eu tive...

Outra pessoa questionou:
- Poema? Como assim, poema? Por quê, poema?

Eu lhe explico:
- Poema, aquele balanço gostoso, suave e com o sentimento sutil... Mas depende da ótica que você vê. 
Pode ser aquele poema bacana, que te deixa bacana. Ou pode ser aquele poema belo, tão belo que deixa o amor parecer um poema em movimento.

"O amor, quando acaba, demora um pouco pra desocupar a casa" - Chico Buarque

Obs.: Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Go ahead


Algumas vezes desistir é necessário. Tanto a ponto de desfigurar totalmente da imagem de fraqueza, armazenada desde sempre na memória.
Escolher acaba sendo inevitável. Tanto a ponto de não ser luxo nem ato de vontade.
Abrir mão de certas coisas, pode chegar a ser essencial. Tanto a ponto de chegar quase ao fim da linha.
Tempestades em alto mar são constantes, necessário é aprender a navegar. Sobrevivência deixa de ser necessidade humana e torna-se virtude.
Aprender a navegar é uma arte, é como traçar a trilha da vida sem se perder no caminho: inevitável.
E quando não dá certo, recomeçar é o mais difícil. É complicado 're'fazer, 're'começar, 're'aprender... Mas se a gente já conseguiu uma vez, vamos lá, uma vez mais... outra, se necessário for.
Quem disse que a pedra se partiu em duas com apenas uma pedrada? Hã-hã. Foi a última pedrada que a fez partir, mas foram necessárias muitas outras antes para que isso acontecesse. Não olhe o imediato. Quando vir um resultado, analise o esforço anterior, a dedicação, a disciplina, a fé, a coragem e acredite, analise também a sorte. Ela não funciona sozinha, mas somada a tudo isso, faz uma grande diferença.
Tenha em mente também que desistir pode ser fácil, mas continuar lutando é ainda mais digno.
Lembre-se sempre que depois da tempestade vem sempre o arco-íris e o Sol volta a brilhar novamente.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

- "Vai, Maria, siga a vida toda essa mesma vida"



Maria tinha medo da vida. 
Tinha medo do certo, do incerto e das certezas. 
Tinha medo dos encontros, desencontros e desafios. 
Maria tinha medo até da certeza mais exata.

De tudo, o medo nunca passou. Maria nunca arriscou.
A vida continuou na 'mesmice' de sempre. Maria se contentou.
De resto, os sonhos não passaram de sonhos que se sonham à meia noite. Maria teve medo até de sonhar.

Um nunca permitiu. Maria sempre 'ressentiu'. E a cápsula nunca explodiu.

She lives in a bubble. And he never allowed her to leave.

"Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão 
Um dia me disseram que os ventos às vezes erram a direção

[...]
Somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter"


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Uma fábula inventada


Um dia, ganhei um vaso de terra do meu vizinho. Dizia ele que eu teria que cuidar, até brotar um caule fino, com raízes rasas, pois depois se tornaria um vaso cheio de pimenta, com raízes mais fortificadas e muito bem cultivadas.
Ainda que eu olhasse com carinho para o vaso de terra, nada imaginei. Com o tempo, cuidando todos os dias, nasceram vários caules, tão finos quanto os que aquele dia o meu vizinho descreveu. Não sei se foi excesso de sementes ou o cuidado mesmo, mas nasceram tantos caules, tantos "pés", que teve ele que "ralhar".
Sem entender, observei. Ele arrancou os caules mais finos, com as raízes mais superficiais, do meu vaso de planta, implantando-os em outro vaso. Da mesma "leva", dividiram-se em dois vasos.
As minhas que continuaram mantiveram o crescimento das raízes firmes, engrossando o caule a cada dia. Hoje brotam as primeiras pimentas, ainda verdes.
O outro vaso, aquele o qual foram replantados os caules com as raízes ainda muito novas, cresceram, talvez com uma capacidade de adaptação, porém, com as raízes sempre prontas para a próxima mudança.
Eram sementes do mesmo saco, da mesma origem.