sábado, 30 de julho de 2011

Metade

 
Com o tempo a gente aprende a controlar os sentimentos. Aprende que não é tão fácil largar tudo em busca de uma aventura nova. Aprende que a incerteza pode não ser assim, tão certa; e que indícios de convicção nem sempre são firmes.
 
* Texto rabiscado em meados de 2007. Ainda concordo com boa parte, menos com a primeira frase. Vai ver eu é que nunca soube controlar.

"E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também".
- Oswaldo Montenegro -

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Rifa-se


"Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros
Esse coração que erra, briga, se expõe
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões
Sai do sério e, às vezes, revê a sua posição arrependido de palavras e gestos
Esse coração tantas vezes incompreendido
Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo".

Clarice Lispector sempre se encaixa em algum momento. Ou todos.
O texto é dela, mas o coração rifado é o meu.

"Pra falar verdade, às vezes minto
Tentando ser metade do inteiro que eu sinto
Pra dizer as vezes que às vezes não digo"
- O Teatro Mágico -

quarta-feira, 27 de julho de 2011

The other side


Sabe quando a gente deposita muita expectativa? Eu estou ficando com medo.
Eu já vi a história, sei até qual vai ser o final, mas eu quero continuar persistindo, não sei bem o porquê.
O disco continua, mas do outro lado.

"You went back to what you knew
So far removed from all that we went through
And I tread a troubled track
My odds are stacked, I'll go back to black" 
- Amy Winehouse -


segunda-feira, 25 de julho de 2011

Essa Pequena


Não tem como tirar o novo disco "Chico" da "vitrola".
"Essa pequena" entrou como single na minha cabeça e não quer sair nunca mais.

"Meu tempo é curto e o tempo dela sobra
Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora
Temo que não dure muito a nossa novela
Mas, eu sou tão feliz com ela.

Meu dia voa e ela não acorda
Vou até a esquina e ela quer ir pra Flórida
Acho que não sei direito o que é que ela fala
Mas, não canso de contemplá-la.

Feito avarento, conto os meus minutos,
Cada segundo que se esvai
Cuidando dela que anda noutro mundo
Ela que esbanja suas horas ao vento, ai.

Às vezes ela pinta a boca e sai
Fique à vontade, eu digo, take your time
Sinto que ainda vou penar com essa pequena
Mas, o Blues já valeu a pena".

Álbum: Chico
Ano: 2011
Intérprete: CHICO BUARQUE
Distribuidora: Biscoito Fino (CD)
Faixa 3 - Essa Pequena

Desconhecido


Eu li esses dias que escrever histórias e palavras tristes são apenas outra forma de beleza que tem que ser lida com alegria, pois quer dizer que o seu contador está vivo e a qualquer momento alguma coisa maravilhosa vai acontecer e ele vai se virar e sorrir.
Li na rede social de um total desconhecido e fiquei com uma vontade louca de conhecer a pessoa que escreveu isso. Talvez porque eu me coloquei no papel do "contador de histórias". Isso significa que a qualquer momento alguma coisa maravilhosa vai acontecer e vou me virar e sorrir?

*Os créditos são do "desconhecido" Rodrigo S.

"A sorrir eu pretendo levar a vida
Finda a tempestade, o Sol nascerá"
- Elis Regina -

terça-feira, 19 de julho de 2011

Again


"Eu andava tentando me preencher daquilo que só traz mais vazio.
Abastecendo-me do que desde o princípio eu sabia não fazer diferença nenhuma.
Tudo porque me deixei convencer que era melhor um pássaro na mão do que dois voando. E por algum tempo eu fui me desvencilhando da carapuça de sonhadora.
Deixando para trás o par de tênis surrado da cinderela, as meias coloridas da Alice e as tranças cheias de pontas duplas da Rapunzel. E pra quê?
Pra rasgar uma identidade, adequar-se a mulher do novo milênio...
Eu hoje, talvez só nesse exato meio-dia, estou me lixando para os avais que não recebi!
Lixando-me para todas essas malditas convenções que me mandam ser mais eu, ter mais amor próprio!
Aqui é tanto amor que tem pra próprio, pra próximo, semelhante, inimigo, alheio e pra uma micareta toda.
Desculpem- me os que não conseguem ver beleza na guerra! Mas eu prefiro tentar voar ao lado dos pássaros que estão no ar. Que me desafiam!
Antes mesmo de começar a deletar tais mãos e bocas, eu vou marcando o terreno do que nutre.
Destroe também; mas eu já disse que sinto o prazer na luta. Eu gosto dessas marcas e cicatrizes que provam que eu vivi.
E ninguém um dia poderá decifrar a minha próxima atitude. Trabalho em favor do meu coração. Desse inefável coração! Que incessantemente implora calor. Que pediu para que eu jamais me conformasse com simples trocas de favores. Com amizade, simpatia e comodidade.
Ele precisa de paixão para bombear todo o resto. E eu tô fazendo o que for preciso pelo frio na barriga.
Puxa a mala lá de cima.
Outra vez". 

* Texto de Fernanda Gava 

"Agora uma enorme paixão me devora
Alegria partiu, foi embora
Não sei viver sem teu amor
Sozinho curto a minha dor
"
- Maria Rita -

quarta-feira, 13 de julho de 2011

I remember


Eu não vou me convencer de que a culpa não foi minha, porque na minha cabeça, de alguma forma, foi. Infelizmente ou felizmente, o meu pensamento se concretizou como o muro de Berlim, mas o que foi destruído mesmo, foi o meu sentimento.
Por todos os trilhos de pensamentos, acabo sempre na mesma trilha, a certeza de que eu poderia ter feito mais, assim como você. Confesso que me acomodei tanto com tudo que nem imaginava o quanto faltava para ser feliz. Imagine só, eu tinha certeza de que eu te fazia feliz na mesma proporção que eu acreditava estar feliz.
Me acomodei tanto que esqueci que além da nossa vida, cada um tinha uma também. Me esqueci que além de "nós" e "você" existia também: "eu". E por mais que agora eu conjugue todos os verbos em primeira pessoa do singular, por todo tempo eu conjuguei em primeira do plural ou no singular mesmo, mas na segunda pessoa.
Anulei todos os dias da minha semana, apenas esperando as quartas, sextas e os sábados, como se o ano tivesse apenas esses dias da semana estampados no calendário.
Ouvir a frase pronta "eu te amo" era suficiente para acalmar qualquer tempestade da minha vida, numa ânsia tão eufórica, que eu me esquecia de sentir o tom da voz para acreditar que eram palavras vindas do coração, sem nunca imaginar serem, depois, apenas ditas por força do hábito.
O beijo de boa noite era suficiente para a minha noite ser boa. Confesso que no começo eu sofri com a falta de abraços noturnos, as costas frias encostadas nas minhas e os cobertores separados, naquela cama tão grande que me deixava em uma ponta, enquanto você dormia em outra. Mas também sei que sofreu comigo existindo sem existir.
Eu construí, para mim, um relacionamento estável, o qual eu jamais esperava acabar. Mas fui surpreendida, assim como todas as pessoas ao redor que imaginavam que éramos um casal feliz, inclusive eu.

"There are places I remember all my life,
Though some have changed,
Some forever, not for better,
Some have gone and some remain"
- The Beatles -

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Amor de Flor

 
Dizer que tem sido fácil viver sem você é uma afirmação envolta por mentira querendo impor a verdade. Até porque dormir com o travesseiro molhado de lágrimas foi a forma mais fácil de conseguir adormecer sabendo que você não iria me acordar na manhã seguinte.
Essas certezas negativas é que traziam a realidade mais próxima, ainda que eu custasse a aceitar. Ou não. Já tenho parado de questionar o porquê de indagações sem respostas e também já consigo realizar tarefas próprias, sem me dedicar inteiramente a você. 
Agora eu vou à padaria e consigo escolher o doce que é da minha vontade, sem querer comprar aquele que te agrada. Assim como peço o suco que eu tenha vontade, essas coisas que antes me faziam optar por você.
Eu vejo mesmo que o tempo está passando. A dor eu consigo até esquecer por alguns momentos. Me distrair já não é tão difícil quanto antes. Eu já não olho o meu celular esperando uma ligação sua, bem como não espero acordar com a sua voz. Isso me insere na realidade.
Sinto falta, claro. Mas que falta eu não sentiria?
 
"Que dance a linda flor girando por aí
Sonhando com amor sem dor, amor de flor"

- Maria Gadú -

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ao meu querido mestre


A história da Águia
"A águia é a ave que possui maior longevidade da espécie. Chega a viver setenta anos.
Mas para chegar a essa idade, aos quarenta anos ela tem que tomar uma séria e difícil decisão. Aos quarenta, ela está com as unhas compridas e flexíveis, não consegue mais agarrar suas presas das quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo se curva. Apontando contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, e voar já é difícil!
Então a águia só tem duas alternativas: Morrer, ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar cento e cinquenta dias.
Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão onde ela não necessite voar. Então, após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo.
Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual vai depois arrancar suas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. E só cinco meses depois sai o formoso vôo de renovação e para viver então mais trinta anos.
Em nossa vida, muitas vezes, temos de nos resguardar por algum tempo e começar um processo de renovação. Para que continuemos a voar um vôo de vitória, devemos nos desprender de lembranças, costumes, velhos hábitos que nos causam dor.
Somente livres do peso do passado, poderemos aproveitar o resultado valioso que a renovação sempre nos traz".
Ouvi essa história no meu último ano de faculdade de um professor, amigo e admirado doutor que eu jamais vou esquecer. Jamais vou esquecer do abraço, do consolo, da generosidade, do carinho, do afeto, da humanidade e da força. Será para todo o sempre lembrado com todo carinho, com toda a admiração.
Hoje o céu brilha com mais uma estrelinha.
Ao meu querido amigo e eterno mestre Dr. Itamar Dutra. Meu mestre mais doce, mais amado. O mestre mais querido da minha turma. O mestre que soube ser realmente um mestre, um amigo, um professor, um formador, um educador até. Dividiu conhecimentos como ninguém e ensinou sobre a vida também. Nos fez derramar lágrimas de emoção e agora de saudade. Vai ser pra sempre meu querido professor! Obrigada
"E me lembro de você em dias assim
Dia de chuva, dia de sol, e o que sinto não sei dizer...
Vai com os anjos, vai em paz
Era assim todo dia de tarde, a descoberta da amizade
Até a próxima vez”
- Legião Urbana -