domingo, 28 de março de 2010

Com o tempo eu descobri que o sentimento ardoroso de antes não permanece por tanto tempo assim. Percebi que é tudo uma questão de costume e que a rotina um dia passa a fazer parte de todos os outros dias. Contribuir para tanto não é um fator decisivo. Eu mesma não contribuí pra enfraquecer o sentimento caloroso que existia dentro de mim. Eu não contribuí pra me acostumar com a falta e a saudade que antes eram insuportáveis. Eu apenas deixei acontecer. E não é novidade dizer que eu sou pessoa de dentro pra fora, que eu sou movida pelo sentimento chamado ‘amor’. Eu vivo esperando que todos os dias sejam únicos e diferentes, pra nunca me acostumar com o sentimento. Eu gosto de novidades. Eu gosto de inovações. O sentimento que existia dentro de mim, no início incontrolável, foi desbotando e, com o tempo, se transformando em sentimento comum, sem muito entusiasmo. A certeza disso eram as noites frias e os costumes incomuns. O travesseiro chegou a substituir o seu espaço na cama e o seu cheiro chegou a ser confundido. Eu cheguei, um dia, a ter certeza da nossa história, podendo descrevê-la do início ao fim, sem nem existir um fim. Mas o tempo não permitiu que todas as letras desenhadas nas linhas da certeza fossem lidas, narradas e vividas. Cada um seguiu a sua vida e cada um escolheu o seu caminho. Trilhas opostas, mas sentimentos eternos. É o jogo da vida.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Confesso que eu nunca fui adepta à teoria do tempo. Aquela em que dizem que o tempo cura. Pra mim nunca foi assim. O imediatismo sempre me impediu de seguir uma linha cronológica tão certa quanto o resultado dessa teoria. O tempo foi passando, as lágrimas secando e os dias que terminavam como céu cinzento, no outro amanheciam ensolarados. Um dia após o outro foi a receita exata para acalmar os pensamentos imediatistas e a ansiedade para então começar a exercitar a paciência. Voltar a ver cor nos meus dias tem sido algo encantador. Já comecei a me acostumar com a falta da rotina. Agora eu consigo olhar pra trás e perceber que o tempo que se passou não se relaciona com o tempo que imaginei ter passado. E consigo perceber que a teoria do tempo foi adotada para substituir o meu imediatismo e a minha ânsia de resultados. E o resultado veio. Não como antes planejado, mas já dizia o poeta: “o tempo não pára”. Ainda bem!

quarta-feira, 17 de março de 2010


Eu afirmo com certeza que eu tentei até onde pude acreditar. Até mesmo sem acreditar, eu diria. Fui capaz de esquecer as minhas próprias convicções e aceitar comportamentos antes considerados reprováveis. Eu ceguei os olhos para algumas daquelas suas atitudes, para então aceitar você nos exatos traços que te acompanham desde que veio ao mundo. Eu sabia, desde o começo, que eu não era prioridade na sua vida. Ainda assim eu insisti, talvez pensando em ser um dia o que você havia se transformado pra mim em tão pouco tempo. Foram quatro anos e uma semana de descobertas, de conhecimento, de inocência e de confissões até me deparar com o calor dos seus lábios e a textura da sua pele. Mas durou tão pouco. Tirando os dias em claro seguidos de apertos no peito, foram pouco mais de quarenta dias e uma semana. Agora eu passo os dias de chuva acompanhada da saudade e os segundos que antecedem o meu sono são guiados pelos pensamentos mais vagos. O 'x-salada' não tem mais o mesmo sabor e o copo de suco com um só canudo não tem o mesmo gosto com dois. O cinema é sinônimo de solidão agora, e a conta de telefone reduziu a uma só folha. Batata frita do Mc Donnald’s não tem mais graça alguma sem você e acordar de manhã sem te acordar é como não acordar. Eu tenho tentado tirar você dos meus pensamentos, tenho tentado afastar o sentimento de saudade dos meus dias, mas não tem sido uma tarefa fácil. Aceitar o vazio e a incerteza não está no meu roteiro. Eu prefiro olhar nos teus olhos e ouvir, na tua voz, que a nossa chance já transpôs a passar esses dias esperando um retorno das ligações, mensagens e e-mails destinados a você. Eu não quis desistir, muito pelo contrário.