Foto: Hospital na Itália exibida nos jornais.
Todo mundo sabia a situação mundial por conta dos noticiários, porque só se falava na pandemia. A China foi o primeiro país a noticiar casos, então, enquanto o resto do mundo começava a viver o caos, a China dava os primeiros sinais de recuperação. Na Itália só se falava em aumento do numero de mortos. Os noticiários mostravam os profissionais da saúde desolados, cansados. Muitos pacientes precisando de respiradores, até começarem a ter que escolher o paciente que receberia o respirador e o paciente que morreria por falta dele. Centenas de pessoas morriam por dia. Somados os países, milhares de pessoas perdiam a batalha pro vírus, que ninguém via.
Eu estava trabalhando normalmente. Mas o mundo já apontava caos. Terça-feira alguns colegas de trabalho do grupo de risco ou com filhos pequenos já não foram mais. Quarta-feira, os olhares nos corredores eram de medo. Ninguém sabia o que ia acontecer. Quinta-feira, os olhares eram de pavor. Eu fui ao mercado. Vi pessoas com carrinhos de compra lotados de fardos de alimentos e papéis higiênicos. Filas enormes nos caixas. Ninguém sabia o que ia acontecer dali pra frente.
No final do dia, arrumei minha estação de trabalho para ir pra casa como todos os dias eu faço. Voltaria na sexta. Não voltei. Ninguém voltou. As portas fecharam. O mundo parou. Eu voltei pra casa em pânico. Dirigi pensando em chegar em casa e trancar a porta. Sem saber quando ia poder abrir de novo.