As lágrimas sempre conheceram muito dos meus sentimentos. Sempre estiveram presentes, sem nunca eu conseguir esconder qualquer delas. Iam escorrendo pela minha face, sem eu querer que aparecessem, mesmo eu desejando infinitamente absorvê-las para não serem notadas. Eu não sei porquê. Não sei porque eu sempre fui assim. Não sei porque as lágrimas sempre expressaram os meus sentimentos tão bem quanto o meu tom de voz, em sincronia com as batidas aflitas do meu coração. O nó na garganta que desafinava o tom da minha fala era aliado certo da lágrima que empoçava os meus olhos. No primeiro piscar, abria caminho para outras, e mais outras. E o curso já conhecido das lágrimas nunca mudou, mesmo eu querendo tanto esconder a sinceridade que aquela gota d'água denunciava...
"Aliás - descubro eu agora - também eu não faço a menor falta,
e até o que escrevo um outro escreveria.
Um outro escritor, sim, mas teria que ser homem
porque escritora mulher pode lacrimejar piegas"
- Clarice Lispector -