quarta-feira, 29 de junho de 2011

A falta que eu sinto


Eu sinto falta da rotina. Sinto falta de falar ao telefone e de acordar com o telefone tocando. Sinto falta do desejo de bom dia, que fazia com que o meu dia fosse realmente bom. Sinto falta de dividir o meu dia, de narra-los como se fossem as histórias mais interessantes e, quando não, escutar exatamente isso. Sinto falta de segurar a mão e me sentir a pessoa mais protegida do mundo, bem como ser abraçada como se fosse envolvida por inteiro. Sinto falta de rir de bobeiras, de falar e escutá-las. Sinto falta de companhia para escovar os dentes e de alguém pra levar a tolha no banheiro. Sinto falta do cheiro de incenso, do quarto com cheiro de almoço e até de sanduíche. Sinto falta do travesseiro que eu vivia reclamando e do edredom de casal que eu dobrava ao meio. Sinto falta de tropeçar nos calçados espalhados pelo quarto e até mesmo sinto falta de sair arrumando os tapetes bagunçados no quarto e no banheiro. Também de arrumar o escritório, de organizar a mesa e as almofadas do sofá. Sinto falta dos peixinhos que eu queria pra mim. Sinto falta até de conhecer o novo aquário e o casal lindo de peixes caramelos que eu nunca vi. Sinto falta da bagunça da área externa da casa, até mesmo de ajudar a arrumar fios, filtros, húmus e tudo mais. Sinto falta das minhas pimentas que foram plantadas no dia 2 desse mês e que com certeza já estão crescidinhas. Sinto falta da rotina da casa, de chegar, passar pela sala, pelo corredor e chegar ao lugar que eu achava mais aconchegante até que o meu quarto, talvez porque tivesse cheiro característico. Sinto falta de sair do banho e olhar no espelho todo escrito com post-it colorido. Sinto falta dos filmes e de assistir televisão com algumas polegadas a menos. Sinto falta de sair pra tomar suco, de comer espetinho de carne e de frango no João. Sinto falta de tomar suco Kappo de morango que ficava na última divisória da porta da geladeira. Sinto falta de tomar Toddynho de manhã. Sinto falta de acordar com músicas inventadas. Sinto falta de disputar o computador. Sinto falta de implicâncias com o facebook. Sinto falta do jeito de falar, da forma. Sinto falta de pão com mortadela defumada. Sinto falta de beijo de peixinho. Sinto falta de ter meu celular sempre atualizado e arrumado. Sinto falta de dormir confundindo ombro/peito com travesseiro. Sinto falta do sono incontrolável e a força que eu fazia para controlar. Sinto falta do frio que eu sentia com o ar condicionado e o quarto fazendo zero grau. Sinto falta do calor que eu sentia depois que o ar era desligado e eu estava com o edredon de casal dobrado ao meio. Sinto falta do condicionador de cabelo com cheiro de chocolate que eu dizia não gostar no começo. Sinto falta do shampoo com cheiro que eu escolhia toda vez na farmácia. Sinto falta das surpresas que eu sempre planejei, mas não sei porque não executei. Sinto falta dos sábados vendo mega senha e MMA. Sinto falta de separar roupa depois do banho. Sinto falta de dormir de camiseta listrada, azul da Beagle, verde com estampa preta e até mesmo com a camiseta do pijama azul claro que eu só consegui uma vez. Sinto falta de brigar pra ver novela na TV. Sinto falta de espetinho sem tempero feito em casa. Sinto falta de marmita. Sinto falta de passar frio com o ventilador ligado. Sinto falta do cheiro do perfume novo. Sinto falta de brigar por uma gaveta. Sinto falta de quartas, sextas e sábados, em especial.

"Já que você não está aqui
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos,
Lembra que o plano era ficarmos bem"
- Legião Urbana -

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