segunda-feira, 4 de abril de 2022

Tô sentindo falta...

 



Eu tô sentindo falta da conversa olho no olho com um amigo, com alguém que dá confiança. Tô sentindo falta de falar sem medir as palavras, porque o amigo escuta sem julgamentos. Tô sentindo falta de sentir um abraço carinhoso que me acolhe, mesmo tendo recebido abraços carinhosos de pessoas que passaram a fazer parte da minha vida. 

Acontece mesmo que confiança não é uma conexão imediata. Conexão que eu falo é aquela da pessoa que entende, que conhece um pouco da história, que existem há algum tempo na minha vida e que me leva à total confiança.

Eu tô sentindo falta é dessa confiança... do afeto com a confiança. Tô sentindo falta de conversar com um amigo olho no olho, de poder chorar quando eu sinto vontade, de poder falar dos medos que eu sinto, das incertezas eu eu vivo e tenho que guardar aqui dentro de mim.

Eu tô sentindo falta de amor fraterno, de amor verdadeiro. Tô sentindo falta de acolhimento. Do abraço que me põe nos braços e me deixa falar, chorar, sorrir... Tô sentindo falta de gente conhecida.

Nessa mudança de vida eu conheci pessoas queridas. Só que é tudo um pouco recente e ainda falta conexão, falta um pouco de intimidade... coisas que o tempo resolve, mas enquanto isso, eu sigo sentindo falta de gente que me conhece, que acredita em mim, que conecta comigo, que me acolhe, me escuta, me conhece, me entende, me respeita...

Eu ando escutando histórias, sorrindo para pessoas e admirando silêncios. E eu ando sentindo falta de alguém que escute minhas histórias, que sorria para meus olhares e admire meus percalços.

Poucas coisas no mundo são tão preciosas quanto o sentimento de sentir segurança. 

Estar num lugar novo, com pessoas novas, em um círculo novo é a tradução literal do desconforto. E o desconforto caminha junto com a insegurança. 

Aqui estou.


"Casa vazia, luzes acesas só pra dar a impressão
Cores e vozes, conversas animadas é só a televisão"
- Simples de Coração - EngHaw -


quarta-feira, 2 de março de 2022

Acabou ficando vazio esse espaço aqui...

 



Acabou ficando vazio esse espaço aqui. 

Quando a vida vai acontecendo e a gente é tomado pelas circunstâncias, o tempo vai passando e às vezes a gente nem percebe. Comigo foi mais ou menos assim.

Eu consegui um emprego mais tranquilo (leia-se: que me deixava pagar as contas no início do mês e chegar ainda com fôlego ao final dele), mas que tomava boa parte do meu tempo. Justo, pela classificação que eu o dei acima. Então, fato é que eu vendia meu tempo (como a maioria, senão todo mundo). Fora das quatro paredes que eu passava o dia, eu voltava pra casa e minha mente seguia lá, no trabalho que eu precisava cumprir amanhã, depois, no mês seguinte… Só que isso é, e sempre foi, da minha personalidade.

Numa quinta-feira de férias, eu sentei pra tomar um café. E vi que a vida continuava. Várias outras pessoas estavam sentadas tomando um café, outras andando pelas lojas, outras se exercitando…

A verdade mesmo é que eu sequer imaginava a vida… acontecendo lá fora.

E foi assim que eu comecei esse texto… falando que quando a vida vai acontecendo, a gente é tomado pelas circunstâncias… essas que me faziam ter momentos de reflexão e registrá-las por escrito.

Até que eu passei a desfrutar da vida, sem ficar presa às tais circunstâncias. 

Deu medo? Eu diria que uma insegurança pelo desconhecido. Mas eu precisei de coragem, o que me faz crer que o medo, antagônico dela, sim, existiu.

Depois disso a segurança não chegou, e nem sei se um dia ela vem. Cada dia é desconhecido, mas vivido. A vida continua acontecendo, só que o que era antes lá fora, agora é aqui dentro. O tempo continua passando… e agora eu vou percebendo. 


"Há tanta coisa, tanta coisa pra aprender
Por mais que se aprenda pouco se chega a saber
E num momento de pura reflexão
Percebo que nada existe além da lei da criação
Por mais que eu leia e procure descobrir
Por mais que eu creia e procure refletir
É bem guardado o segredo desta vida
Não está nos livros nem nos bens materiais"