sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Bailarina da vida

Hoje eu parei pra ver a bagunça que está a minha vida. O trabalho fora me faz passar pouco tempo dentro de casa e os embarques e desembarques aos finais de semana menos ainda. Parei agora... e vi que estou cansada.

Não estou mais no controle da minha organização, bem eu que sou tão metódica e organizada com as minhas coisas.

A minha casa parece até um pouco fria, diferente. Apesar das plantas, meio sem vida, personalidade. Faz algum tempo que eu não sento no sofá com uma música de fundo pra ler um livro. 

Aos finais de semana que eu costumava fazer um mate pela manhã e me dar um tempo apreciando o silêncio, já não sei quando foi a última vez.

Um pouco, me dá a sensação de hotel. E quando paro pra pensar, tenho também a sensação de falta de lar. Meio sem paradeiro, meio sem lugar fixo. Durmo, acordo, saio para o trabalho, volto, durmo e de novo isso até chegar o final de semana para fazer as malas, embarcar, desembarcar e passar o final de semana com algumas peças de roupa numa mochila, pra começar tudo outra vez.

Não é uma lamentação. Eu gosto mesmo é disso, do sentimento de liberdade, de total adaptação e de dançar no ritmo do vento, da vida. Só ando cansada mesmo… cansada de bater de frente com meu jeito tão metódico. 

Mas eu decidi que vou ficar um mês aqui quietinha, organizando minha vida, minha casa, dando presença no meu lar e também planejando os próximos passos. 

Porque eu sou assim: solta, equilibrada e bailarina da vida. Tenho desejos inesperados, mergulho de cabeça, mas sempre consciente no limite de conseguir voltar pra superfície em segurança. Eu sou responsável até quando irresponsável e me permito ser presa até quando solta. Eu danço com o vento. Eu respiro a vida.


"Por pura sede de vida

melhor estarmos sempre à espera do extraordinário

que talvez nos salve de uma vida contida"

- Clarisse Lispector -



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